Rinite Alérgica

Chegou o tempo dos espirros

A rinite é a doença alérgica mais comum em todo o mundo e, entre espirros, nariz a pingar e comichão, calcula-se que afete cerca de um milhão de portugueses.

A Primavera está aí e com ela não chegam apenas as temperaturas mais amenas e os dias mais compridos. Chegam também as alergias. Arrastadas por ácaros, pelo pólen e outros pozinhos, desencadeiam espirros sem fim, deixam o nariz qual torneira avariada num constante pingue-pingue. A rinite alérgica é a mãe de todas elas, não é a mais grave – esse “título” pertence à asma – mas é a mais frequente. Estima-se que um quarto da população mundial saiba do que se trata e que haja quase um milhão de portugueses afetados. As mulheres são mais propensas às manifestações alérgicas, pelo menos segundo um estudo epidemiológico efetuado pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. Um estudo que permitiu ainda concluir que a rinite alérgica é mais frequente entre o primeiro e o vigésimo ano de vida, diminuindo a partir dos 30. Efetuado junto dos utentes dos centros de saúde, o estudo identificou igualmente as zonas de maior prevalência da doença em Portugal. Assim, os distritos de Lisboa, Aveiro e Portalegre são aqueles onde parece haver mais casos. É de Março a Maio e depois de Setembro a Novembro que há maior probabilidade de a doença se manifestar.

O que explica que a maioria dos casos de rinite alérgica seja sazonal, embora haja situações independentes da altura do ano e das condições meteorológicas.

Mas, afinal, o que caracteriza o indivíduo alérgico?

É aquele cujo organismo reage com excessiva sensibilidade a elementos habitualmente inofensivos. Na rinite alérgica acontece isso mesmo: o organismo fica sensível a determinadas substâncias naturais que existem no ar que respiramos. O mais frequente é a reação alérgica ao pólen das plantas, libertado pelos ventos primaveris. Daí que as queixas diminuam quando chove, pois os elementos que voam pelo ar estabilizam. Já no Outono, a “culpa” é dos bolores, pequenos fungos que existem no ar e que crescem sobretudo nesta época do ano. As queixas agravam-se então à noite, melhorando em ambientes quentes.

Mas depois do pólen, os ácaros são os principais responsáveis pela rinite alérgica. Estão em todo o lado, multiplicando-se no pó de casa e soltando-se quando se fazem limpezas domésticas, no simples gesto de fazer a cama. Esta poeira é na realidade uma mistura de substâncias vivas e inertes que engloba desde escamas da pele humana ou de animais, restos de alimentos, fibras de tecidos, bactérias, bolores. É destes restos que se alimentam os ácaros, bichinhos minúsculos mas que parecem monstros ampliados pela lupa de um microscópio.

O que acontece quando os ácaros são a causa da alergia é que a maioria das pessoas nem dá por isso, mesmo quando percebe que os sintomas pioram à noite ou de manhã, ao acordar, depois de algumas horas em contacto com a fonte da alergia: o colchão ou a almofada.

No caso das crianças, o contacto com animais de estimação e com bonecos de peluche tem o mesmo efeito, pois os ácaros escondem-se igualmente entre os pelos, verdadeiros ou artificiais.

Sempre constipado… Os sintomas declaram-se e quase nunca se lhes dá importância. Entre espirros e nariz a pingar e entupido, olhos lacrimejantes e noites dormidas de boca entreaberta, a rinite alérgica instala-se e, a prazo, acaba por prejudicar a qualidade de vida. Perante os sinais, ouvem-se algumas perguntas clássicas: “Outra vez constipado?”. E acredita-se que, de facto, se anda sempre constipado, pensando mesmo que se tem sorte por não ser gripe, que implica febre, dores no corpo…e que é contagiosa.

Mas é preciso desconfiar dessa “constipação” que nunca acaba. Por isso há que reconhecer os sinais: espirros sucessivos, corrimento nasal abundante e transparente, comichão nasal que se pode alargar aos olhos, aos ouvidos, ao céu-da-boca e à garganta, mucosa nasal congestionada e narinas entupidas, olhos congestionados, vermelhos e irritados, sensação de aguadilha a escorrer por detrás do nariz, o que pode causar pigarro ou tosse insistente. Como os sintomas não são valorizados, a rinite prolonga-se por meses e até anos sem ser tratada. E complica-se: a contínua obstrução nasal obriga a pessoa a respirar com a boca aberta ou semi-aberta, dando origem à chamada respiração oral. Este tipo de respiração provoca desconforto na garganta, que pode variar desde um pigarro até amigdalites ou mesmo faringites.

Outra consequência possível é a voz nasalada e a secura da boca pode também potenciar o desenvolvimento de cáries. Nas crianças, a respiração oral pode conduzir a falta de apetite, a noites mal dormidas, a distração na escola, com os riscos de dificuldades na aprendizagem. A dinâmica respiratória das crianças pode mesmo ser prejudicada de uma forma profunda, provocando o aparecimento de deformidades no tórax. Sinusites, amigdalites, faringites, sucessivas inflamações no ouvido, alterações do paladar, do olfato e da audição, falta de ar e dores de cabeça são outras consequências da rinite alérgica, que, apesar de não ser uma doença tão grave como a asma, não deve ser menosprezada.

Há pois que tratar e, sempre que possível, prevenir a rinite, evitando os fatores causadores da alergia. O primeiro passo é identificar os sintomas e procurar um médico especialista que ajudará a diagnosticar a doença, até porque há casos de rinite que não são alérgicos. Feito o diagnóstico, há que investir em duas frentes: por um lado, dar alívio imediato aos sintomas e,
por outro, corrigir as consequências da doença. Imagine uma torneira a pingar: primeiro enxuga-se o chão, depois conserta-se a torneira. Por vezes, basta afastar as causas da alergia. Mas quase sempre é necessário o recurso a medicamentos, cuja função é reduzir a inflamação e controlar os sintomas.

Os mais comuns são os anti-histamínicos, sob a forma de comprimidos e que bloqueiam os efeitos da histamina, a substância que o organismo liberta quando é agredido pelo agente alergénico. São geralmente eficazes no alívio dos sintomas diurnos da rinite alérgica sazonal, a chamada febre dos fenos. Quando estes medicamentos são insuficientes para controlar as queixas do doente, os médicos recorrem aos corticoides inalados, fármacos da família da cortisona aplicados através de um spray nasal e que visam diminuir a inflamação do nariz. Contudo, não devem ser usados por muito tempo, sob pena de fragilizarem a mucosa que reveste o nariz e de causarem pequenas perdas de sangue. A par dos medicamentos devem ser, porém, adotados comportamentos que afastem o indivíduo de risco dos ambientes potencialmente causadores da alergia. Se a rinite é sazonal, há um conselho básico: evitar passear pelo campo, especialmente durante a Primavera. Se a rinite é mais duradoura, há que “atacar” os pós e os bolores domésticos.

Animais de estimação são “proibidos” e uma casa cheia de fumo do tabaco também não ajuda. Porém, com bom senso, de modo a não alimentar a obsessão pela limpeza ou uma qualquer fobia por animais. E, agora que a Primavera aí está, há que aproveitar o bom tempo da melhor forma possível. Sem espirros, de preferência! Seja dono do seu nariz!

Para compreender melhor a rinite e o seu impacto na qualidade de vida, há que conhecer as funções do nariz e as suas relações com as chamadas vias respiratórias superiores. É preciso antes de mais compreender as funções do nariz, desde logo o olfato e a respiração, mas também a purificação do ar que entra no nosso organismo.

O ar é naturalmente composto por impurezas e germes, que são filtrados com a entrada nas narinas. Aí o ar é aquecido, humedecido e limpo, começando assim o processo de respiração. O nariz funciona pois como a primeira barreira contra a presença dos microrganismos presentes no ar respirado, fazendo com que a respiração pulmonar se processe corretamente. O olfato é outra das funções fundamentais do nariz. Sentir cheiros faz parte da vida de qualquer pessoa. A essência de um perfume ou de um sabonete, o aroma de um cozinhado…prendem qualquer um pelo nariz. E condicionam o paladar. É o olfato que proporciona as condições necessárias para distinguirmos o sabor dos alimentos.
Mas não é só o paladar que beneficia de uma relação harmoniosa com o nariz. O mesmo acontece com a voz, a audição e a visão. Isto porque as fossas nasais se comunicam com os seios paranasais (ou seios da face), com a faringe (onde se encontram as amígdalas, as adenoides e as cordas vocais), com os ouvidos através das trompas de Eustáquio e com os olhos, através do canal naso-lacrimal. Tudo boas razões para manter o nariz em forma, se bem que habitualmente este apêndice do corpo humano seja menosprezado. A verdade é que a maioria das pessoas consegue viver com incómodos nasais por muito tempo, considerando que não se trata de um problema sério. Mas é errado. Já basta a poluição das grandes cidades a agredir o nariz sem que as pessoas dêem conta. Sinais da alergia Identificar os principais sintomas da rinite é meio caminho andado para combater a alergia.

São eles: – Espirros repetidos – Corrimento nasal abundante, transparente e quase aquoso – Comichão nasal insistente – Mucosa nasal congestionada, narinas entupidas – Olhos congestionados, avermelhados, irritados e lacrimejantes. Mais vale prevenir, e Prevenir é a palavra de ordem no que toca às alergias. Há que tomar medidas para controlar o ambiente e evitar o contacto com os agentes alergénicos: – Evitar carpetes e alcatifas no quarto de dormir – Preferir pisos laváveis – Afastar as camas e berços da parede, evitando colocá-los lateralmente – Limitar os bonecos e peluche e livros no quarto de dormir – Cobrir o colchão com material lavável – Evitar vassouras e espanadores e passar um pano húmido pelo chão antes de aspirar – Arejar a roupa que usa menos vezes e de preferência lavá-la antes do uso – Evitar fumar dentro de casa.

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