Obesidade

Um problema de peso

A obesidade é um verdadeiro problema de peso para as sociedades ocidentais. Com custos demasiado elevados em vidas humanas e em qualidade de vida, mas também em recursos financeiros. Custos que são possíveis de reduzir modificando comportamentos.

A obesidade é um problema de saúde pública, tal a dimensão que atinge em todo o mundo. Por muitos, é considerada uma forma de má nutrição própria dos países desenvolvidos, o reverso da situação que aflige as populações mais pobres, a braços com a escassez de alimentos e recursos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal afeta a saúde. Doença crónica, evolui ao longo dos anos, influenciada por fatores genéticos, mas sobretudo ambientais e socioculturais. De tal forma que, só na Europa, um em cada três adultos tem excesso de peso e um em cada quatro é
obeso. E o fenómeno não poupa as crianças, antes pelo contrário: estima-se que mais de 30 por cento das crianças dos sete aos nove anos sofra de pré-obesidade e/ou obesidade.

Portugal não foge a esta regra e os estudos traçam um quadro negativo, com mais de metade dos habitantes a ter quilos a mais. Os números são confirmados pela observação: todos os dias nos cruzamos com pessoas com excesso de peso e, de entre elas, com cada vez mais crianças. O que faz com que todas estas pessoas tenham “corpo a mais”; é o desequilíbrio entre a quantidade de energia ingerida e a quantidade despendida, um desequilíbrio geralmente provocado por uma alimentação demasiado abundante em calorias e pouco ou nenhum exercício físico. São estes, aliás, os principais fatores de risco para a obesidade, embora também possa haver influência genética: Sabe-se que a presença de determinados genes envolvidos no aumento do peso aumenta a suscetibilidade ao risco, mas apenas quando a pessoa está exposta a condições ambientais favorecedoras. Significa isto que a obesidade tem tendência familiar.
A família tem ainda outra palavra a dizer nesta matéria, já que o grau de informação parece condicionar a prevalência da obesidade: quanto menor é o conhecimento dos pais sobre os riscos, maior a probabilidade de os filhos ganharem peso a mais.

E é nas zonas mais urbanas que a obesidade tende a predominar, em detrimento das mais rurais.
Homens e mulheres são afetados de igual forma por este fenómeno, embora com características diferentes. Assim, distingue-se entre a obesidade do tipo androide (abdominal ou visceral) e a do tipo ginóide.

A primeira é típica dos homens, com a gordura a acumular-se na metade superior do corpo, sobretudo no abdómen. Já a segunda é mais comum entre as mulheres, em que a gordura se distribui principalmente pela metade inferior do corpo, concentrando-se mais na região dos glúteos e das coxas. As mulheres com excesso de peso ficam particularmente vulneráveis à acumulação de gordura na gravidez e menopausa.

Uma doença que abre caminho a outras doenças

A obesidade é, sem dúvida, uma doença. Mas não é uma doença como as outras: é que abre caminho a um vasto conjunto de riscos para a saúde, potenciando o aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças.

A lista de riscos é grande:

Envolve o aparelho cardiovascular, com o acumular de gordura a contribuir para a hipertensão arterial, a arteriosclerose, a insuficiência cardíaca e a angina de peito.
A nível metabólico as complicações possíveis são a diabetes tipo 2, alterações à tolerância à glicose, hiperlipemia e gota.
O sistema pulmonar também pode ser afetado: dificuldade em respirar, síndrome da insuficiência respiratória do obeso, apneia do sono e embolismo pulmonar são algumas das consequências. No aparelho gastrointestinal aumenta a probabilidade de formação de cálculos na vesícula e cancro do cólon.

Os aparelhos reprodutor e urinário não estão a salvo: amenorreia (ausência anormal de menstruação) e infertilidade, incontinência urinária de esforço, carcinoma da próstata são apenas exemplos de entre várias complicações da obesidade.

À medida que aumenta o excesso de peso diminui a esperança de vida e cresce o risco de mortalidade. Perdem-se anos de vida. Há estudos que o comprovam: uma mulher com 40 anos, não fumadora, perde 7,1 anos de for obesa e 3,5 se tiver peso a mais, enquanto um homem nas mesmas condições arrisca viver menos 5,8 anos e 3,1 anos, respetivamente.

Os estudos são igualmente conclusivos no que respeita aos ganhos em saúde decorrentes da perda de peso: bastam cinco a dez por cento para a qualidade de vida melhorar significativamente. Um exemplo: um quilo a menos equivale a um risco de diabetes diminuído em 16 por cento. Sem falar nos outros benefícios. Nos psicológicos, nomeadamente. É que
as consequências do excesso de peso e da obesidade vão muito para além da saúde do corpo, com repercussões (negativas) a nível dos relacionamentos sociais: a discriminação educativa, laboral e social é uma realidade a ter em conta e que pode conduzir ao isolamento, à perda de autoestima e à depressão.

E quando se perde peso conquista-se ou recupera-se a sensação de bem-estar e de confiança, até de otimismo.

Dieta e exercício: as armas contra os quilos

Os riscos são reais e potencialmente graves, mas é possível combater o excesso de peso e a obesidade. E nesse combate a arma principal é a modificação de comportamentos, a começar pelos fatores de risco associados a uma dieta hipercalórica e ao sedentarismo. Ou seja: há que comer melhor e fazer mais exercício físico.

No que respeita à alimentação, há que cortar nas gorduras saturadas e hidrogenadas, no álcool, privilegiando as fibras, vitaminas e minerais. Açúcar e sal são igualmente para limitar. Assim, no prato devem estar sobretudo carnes magras (de aves, por exemplo), peixe, vegetais e frutas. Os cereais devem ser integrais, os lacticínios magros, os produtos de charcutaria e outros processados industrialmente devem ser evitados, o sal reduzido ao mínimo e substituído, sempre que possível, por ervas aromáticas. Açúcar só o indispensável.

Ao preparar as refeições, há que preferir os cozidos, estufados e grelhados aos fritos e mesmo os assados devem levar o mínimo de gordura. E de todas as gorduras o azeite é a melhor.

Para beber, nada melhor do que a água: dois litros, pelo menos, por dia, ajudam a eliminar toxinas.

Da cozinha para a mesa, os cuidados devem manter-se: há que distribuir os alimentos regularmente ao longo do dia, começando com um pequeno-almoço equilibrado e fazendo pequenos lanches entre as três refeições principais, de modo a não estar mais de três horas sem comer.

Ao almoço e jantar deve abdicar-se das entradas começando com uma sopa de legumes ou uma salada: são saudáveis e saciantes, o que significa que se come menos a seguir. Come-se também menos controlando as porções: colocando menos quantidade no prato ou mesmo, para resistir à tentação, utilizando pratos mais pequenos.

As principais refeições devem ser feitas à mesa, de preferência com companhia: enquanto se conversa saboreiam—se melhor os alimentos e não custa tanto a chegar aquela mensagem do cérebro que nos diz que estamos saciados. Pelo contrário, comer enquanto se lê ou vê televisão aumenta a quantidade ingerida: entre páginas e imagens não se descansa até ver o fundo ao prato.

O sofá não é o melhor lugar para comer. As longas horas que se passam em frente à televisão (ou ao computador ou a uma consola de jogos) são amigas do acumular de quilos e inimigas da saúde. Há que combater o sedentarismo, saindo de casa e deixando-se conduzir pelas próprias pernas: 30 minutos diários contribuem para melhorar o ritmo cardíaco e respiratório, para aumentar a resistência e flexibilidade de músculos e ossos. Andar é uma actividade adequada a todas as pessoas, em todas as idades. Nadar e dançar também são aconselháveis, mas há muitas outras actividades que, não sendo desportivas, são saudáveis: fazer jardinagem, por exemplo.
O que é preciso é mexer o corpo. Sabe-se que a actividade física moderada e regular pode aumentar a esperança média de vida em três a cinco anos. São muitos os riscos que se previnem: de diabetes, de doença cardiovascular, de doença oncológica, de osteoporose, entre outros. Além de que reduz o stress e a ansiedade e aumenta o bem-estar. E, claro, contribui para diminuir o peso ou mantê-lo em níveis saudáveis.

Medicamentos e cirurgia, opções de retaguarda

Com dieta e exercício físico é possível perder peso. É certo que exige determinação e tempo, mas esta deve ser a primeira opção. Mas quando não se atingem os desejados objectivos de saúde, pode ser necessário recorrer a medicamentos anti-obesidade. Os especialistas consideram que este tipo de tratamento só deve ser encarado após seis meses sem resultados ao nível da modificação comportamental.

Estão disponíveis duas categorias de medicamentos: os que diminuem o apetite e aumentam a saciedade e os que inibem a absorção de gorduras. Todos eles, no entanto, implicam tratamentos prolongados, até porque, quando a sua toma é suspensa, rapidamente se recupera o peso. Nos casos de obesidade grave ou mórbida pode ser recomendada a cirurgia.

Em qualquer das circunstâncias, porém, é preciso manter a aposta num estilo de vida saudável. Afinal, a obesidade é uma doença crónica.

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Conheça o seu risco!

O Índice de Massa Corporal (IMC) é o indicador mais comum para avaliar a posição de cada adulto face ao peso.

Calcula-se dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado (a altura a multiplicar por si própria). Depois é preciso interpretar os resultados:

 

Menos de 18 – magreza;
Entre 18 e 24,9 – peso normal;
Entre 25 e 29,9 – excesso de peso;
Entre 30 e 34,9 – obesidade moderada (grau I);
Entre 35 e 39,9 – obesidade grave (grau II);
Mais de 40 – obesidade mórbida (grau III).

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