Dores musculares e articulares de menor gravidade
Quer a distensão muscular, a entorse ou a tendinite manifestam-se por dor, inchaço ou inflamação e, por vezes, dificuldade de movimentos.
Quando o músculo estica demais ou de forma súbita, pode haver uma distensão. Fala-se do alongamento exagerado das fibras que formam os músculos, podendo mesmo haver ruptura de algumas delas. A distensão é bastante comum nos músculos das pernas (especialmente na parte interna da coxa). Os sintomas podem ser dor aguda localizada, inchaço e formação de hematomas.
A entorse resulta igualmente de um estiramento ao nível do ligamento ou laceração deste. É bem conhecida a entorse do tornozelo que resulta da ruptura de ligamentos que ligam os ossos entre si devido a uma distensão excessiva por torção do pé: é o que acontece quando o pé fica preso no chão e o corpo roda para fora.
Há três níveis de entorse, o diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas, no entanto, numa entorse grave impõe-se a observação por um ortopedista, depois de exame radiológico. Nos casos de nível de entorse ligeira ou moderada, pode haver aplicação de compressas ou de uma ligadura elástica, seguida de repouso. Para além da entorse no tornozelo são também comuns as entorses do joelho e do arco do pé.
A tendinite envolve a inflamação de tendões (não vamos aqui falar da tenosinovite, que é a tendinite acompanhada pela inflamação da bainha protectora que cobre o tendão). Aqui o factor idade é importante, a maior parte das tendinites surge em pessoas da meia-idade ou da idade avançada, independentemente de afectar jovens que praticam exercícios intensos ou pessoas que realizam tarefas repetitivas.
Como tratar?
Estas dores musculares e articulares têm manifestações com características diversas, tais como: dor com localização típica, isolada; dor exacerbada por certos movimentos; dor em repouso, sobretudo à noite; dor ativa mais intensa do que a dor passiva. Encontrou-se uma ferramenta útil para o tratamento genérico destas dores, chamado método PRACE (que significa: proteção, repouso, arrefecimento, compressão e elevação).
Como se passa a ilustrar:
– Proteção da região para evitar agravamento da lesão (é o caso do uso de uma banda elástica);
– Repouso para acelerar a cura dos tecidos afetados (impõe-se, pois, evitar atividades que causem dor, inchaço ou conforto);
– Arrefecimento logo após a lesão, aplicando-se frio mediante sacos para gelo de borracha ou sacos com gele reutilizáveis;
– Compressão da zona com recurso a uma ligadura elástica até que o edema diminua;
– Elevação do membro lesionado, se possível acima do coração, nos casos admissíveis.
Há medidas específicas que também têm que ser tidas em conta. No caso de uma distensão muscular, não só se para o exercício imediatamente como se deixa o músculo lesionado em repouso, aplicando-se gelo no local e, de acordo com os sintomas associados, poderá haver vantagem em dar-se analgésicos e anti-inflamatórios. Nos casos mais rebeldes, poderá vir a ser necessário fazer fisioterapia. Atenção, nunca se deve aplicar compressas quentes no local imediatamente após a lesão. No caso de uma entorse ligeira, opta-se pela aplicação de ligadura elástica, o repouso é igualmente fundamental, tal como a elevação do tornozelo e a aplicação de compressas frias.
Nas tendinites ligeiras e moderadas, o gelo, sempre que bem utilizado, pode reduzir a inflamação dos tendões. Pode ser necessário recorrer-se a terapêutica com anti-inflamatórios para diminuir a dor e a inflamação.
Aconselhamento e medicamentos
Estas dores que surgem por excesso de esforço, traumatismos ao nível dos ossos, ligamentos, tendões ou músculos, maus jeitos ou como resultado de tarefas repetitivas, más posturas, calçado inadequado ou esforços físicos incomuns podem ser tratadas com medicamentos que não exijam receita médica. Contudo, recomenda-se a consulta médica sempre que surja febre ou os sintomas persistam por mais de 2-3 dias ou regressem alguns dias após se ter sentido alívio, mesmo com o recurso a medicamentos sem receita médica.
O farmacêutico tem vários medicamentos a que pode recorrer para tratar estas situações.
Assim, a aplicação no local doloroso de medicamentos com ação analgésica em creme, pomada ou spray para aliviar a dor, porque atuam localmente.
Existe um grande número de medicamentos destinados a aplicação local e a sua atividade varia de acordo com a composição. Os anti-inflamatórios de aplicação local também são providos de boa atividade analgésica. São de escolher os medicamentos que possuam um só princípio ativo.
Há situações em que para a mesma substância ativa, o medicamento pode apresentar-se sob a forma de creme, pomada, spray ou emplastro. A escolha dependerá do conforto do doente. A pomada é mais oleosa, o creme é menos oleoso que a pomada, este último tem a vantagem de se espalhar com mais facilidade. O spray pode ser mais agradável para algumas pessoas e o emplastro apresenta uma comodidade relativamente às outras formas pois liberta a substância ativa enquanto está colocado, mantendo o efeito durante mais tempo.
O aconselhamento farmacêutico revela-se de uma importância muito grande. Recorde-se que os anti-inflamatórios não estão recomendados para crianças com menos de 12 anos. O farmacêutico lembrar-lhe-á que estes medicamentos tópicos (isto é, de aplicação na pele) não devem ser feitos se existirem lesões ou feridas, nem deve ser aplicado calor simultaneamente pois assim aumenta-se o efeito irritante.
Se com este tipo de medicamentos que não requerem prescrição médica não aliviar as dores em poucos dias, não hesite em consultar o seu médico.
Aproveita-se para lembrar aos doentes crónicos que se precisarem de tomar analgésicos para tratar estas dores musculares ou articulares de menor gravidade devem informar o farmacêutico sobre as doenças e os medicamentos que tomam regularmente para que lhes seja recomendado os analgésicos que menos interfiram com a terapêutica que estejam a seguir.